quarta-feira, 14 de março de 2012

ABERTURAS TEMPORAIS


Pretendendo complementar o post anterior, deixo-vos com uma pequena análise de algumas passagens do livro sobre a teoria do desdobramento.

"Eu era, eu sou e eu serei, simultâneamente em tempos diferentes.
O passado, o presente e o futuro são três realidades simultâneas transcorrendo a velocidades diferentes.
A tua vida presente é o futuro possível de um passado real e actual....mas também é o passado real e actual de um  futuro possível...onde se fabricam soluções potenciais".

Onde o Jean Pierre Garnier Malet nos coloca como aceites as duas seguintes questões:
O tempo é uma cebola com buraquinhos (portais) que nos permitem passar de um para outro nível?
Temos capacidade de inferir sobre o futuro?

"Tudo começa por um desdobramento do tempo..... /.....Imaginemos a utilização de dois mundos idênticos onde o tempo não transcorre á mesma velocidade. Porquanto um tempo imperceptível de uma milionésima parte de segundo transcorre no primeiro, o segundo vive um tempo acelerado, digamos durante horas, o qual permitiria apreender tranquilamente a melhor maneira de franquear certos obstáculos. Um intercâmbio de informação entre os dois mundos traria de maneira instantânea  no tempo normal a informação necessária para chegar directamente ao objectivo de maneira instintiva ou intuitiva. Por demais os numerosos fracassos realmente vividos num mundo seriam memorizados no outro para desta forma nunca haver ideia nem vontade de os viver.../...O presente actualiza futuros potenciais criados no passado. Poderíamos pois criar o futuro em cada instante por aberturas inobserváveis entre instantes observáveis com a aparência de um transcurso de tempo continuo. A nossa vida não passaria de uma sucessão de instantes perceptíveis, actualizando impulsos imperceptíveis resultantes de um futuro apresentado por um duplo nas aberturas de um tempo cujo transcurso sempre pareceria idêntico a ele mesmo."
A perspectiva atrás enunciada pelo autor supõe portanto que o nosso duplo busca informação num mundo paralelo em que o tempo transcorre mais rápido do que no nosso e nos trás de volta informação relevante para tomar-mos as nossas decisões no nosso mundo.

Todavia, mais á frente o Jean Pierre Garnier Malet enuncia o seguinte: "Seria pois a existência de vários tempos a única maneira de construir um futuro num espaço para viver melhor no outro? Desta maneira a relatividade do tempo não seria uma singularidade misteriosa do nosso universo, mas simplesmente a consequência directa de uma propriedade muito mais essencial do transcurso do tempo: a sua variação imperceptível e estroboscópica necessária para um desdobramento vital. Envelhecer mais rápido num tempo acelerado permitiria portanto fabricar possibilidades futuras antes de as viver no tempo normal. Bastaria posteriormente actualizar a cada instante o melhor dos potenciais já vividos para viver bem no dia a dia."
Neste caso se o autor supõe a nossa intervenção na construção do futuro do próprio espaço "acelerado";  necessariamente estaremos presentes, onde o nosso duplo irá buscar informação que nos transmite no espaço "mais lento" em que nos encontramos. Conjecturo, que o nosso duplo iria na realidade buscar informação a ...nós próprios.

* Tradução livre do autor do blog.
** As obras do Jean Pierre Garnier Malet encontram-se á venda nas "Fnac", e "Bertrand", em francês.

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