quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

A GRANDE TRAIÇÃO

Como prolongamento do raciocino liberal, a globalização do comercio aparece como o desenvolvimento lógico que permitiu ultrapassar a rigidez das regulamentações dos estados-nação. A partir de então as decisões de gestão das multinacionais têm uma direta repercussão sobre a arquitetura social.  Numa primeira fase a globalização pretendeu simplesmente propagar o sistema capitalista a todo o espaço geográfico mundial criando dependências cada vez mais acentuadas dos países mais pobres relativamente aos mais ricos.

A criação dos mercados financeiros globais ocorre na mesma sequencia. A partir dos anos 90, com a banca a ter um papel preponderante, os mercados financeiros acabam por reger a governação a nível das nações, das associações de nações como a UE, impondo finalmente uma tirania fiscal geral e globalizada. Os governantes eleitos, sejam eles de pequenos ou de grandes países receando os comerciantes do dinheiro passaram a cobrar impostos aos cidadãos para os entregar aos bancos. Os impostos deixaram de funcionar como uma redistribuição servindo a geralidade dos cidadãos, para se transformarem em prestação pecuniária para manutenção do sistema financeiro. O sistema politico de representatividade supõe um pacto entre o eleitor e o eleito, em que este protege aquele, mas agora não passa de um sistema que protege o mundo financeiro, roubando desavergonhadamente as populações. O pacto foi traído!

Por ausência de poder politico como poder regulador, os grandes aglomerados financeiros revelam-se como os novos governantes embora não eleitos nem mandatados. Vivemos a etapa intermédia conducente à mundialização; esse estado superior de mundialização constitui a emergência de uma nova ordem universal, baseada na dissolução das soberanias nacionais por abolição dos poderes de decisão económicos e consequentemente sociais. Sem pretender debater a questão do bem fundado da mundialização, parece estar em causa um modelo de governação em que os governantes eleitos estão ao serviço dos verdadeiros dirigentes que escondem o rosto. Outrora, até finais dos anos setenta, os direitos fundamentais serviram de cobertura para o ocidente ostracizar publicamente os países que não os respeitavam; lembremo-nos do caso da China, por exemplo: relações oficiais e comerciais congeladas supostamente por razões de principio. Até que Nixon e do seu mentor Kissinger baldearem os ditos princípios com a água das flores, e iniciarem uma proveitosa relação com a tirania chinesa. Resultado, os chineses continuam oprimidos, a liberdade de expressão inexistente, os motores de busca da Web sob control, etc. E os chineses exportaram para o ocidente esse seu modelo de cidadania  que estamos agora aplicando. É óbvio, para quem queira ver, que os governantes chineses mudariam imediatamente de atitude relativamente ao seu povo se os EUA, o Japão e a UE, decidissem subitamente boicotear os produtos chineses, sob pena de assistirem a uma sublevação popular. Neste momento, isto parece não interessar aos ocidentais, porque os ditos princípios tão pouco interessam mais; pelo contrário, por cá, este é o modelo em vias de implementação. Vivemos uma época de transição para um mundialismo politico; infelizmente não se pretende maior união entre os povos, senão do control de toda a riqueza pelos grandes aglomeratos financeiros.
  
Os governantes eleitos procurando salvaguardar a sua imunda tigela tentam debilitar qualquer revolta no ovo, promulgando novas leis de repressão e adaptando-as às novas tecnologias, de tal modo que até o direito de se manifestar e mesmo de apelar outros a se manifestarem se torna crime, como se assiste agora na  Espanha, em que o simples facto de informar de uma manifestação, inclusive por e-mail, ou pelas redes sociais pode dar até dois anos de prisão. O governo espanhol aprendeu depressa com os motins e as manifestação de revolta que aconteceram na Grécia. Nos Estados Unidos existem agora drones (Veículos voadores não tripulados) para vigilarem os cidadãos  câmeras de segurança vigiando as ruas 24 horas por dia, e até um desenfreado desenvolvimento de tecnologia e software para prever o crime antes mesmo deste acontecer, como no filme Minority Report. Por exemplo traçam retratos robot dos utilizadores do Facebook   monitorizam a atividade de cada um, e quem não usar Facebook também se torna suspeito...

O jogo do poder não é um jogo de mesa em que os parceiros se sujeitam obedientemente às regras.;  quando se dá a cara por poderes "superiores", todas as regras perdem o efeito. Só a rejeição incondicional pode ajudar-nos. Não basta que haja um tribunal de direitos do citadão em Estrasburgo por exemplo. É preciso que haja tratados de segurança para garantirem que as decisões desse tribunal sejam executadas por todas as nações. Sem essa garantia ficaremos todos subordinados ao poder económico, e aos seus lacaios políticos; estes serão sempre mais papistas que o papa, como se apercebe através das atuais privações de liberdade e restrições económicas.

Parece que o destino da humanidade depende mais do que nunca das forças morais que consiga mobilizar. Temos de conseguir que os direitos consagrados na carta dos direitos humanos, a democracia verdadeira e a garantia das nossas liberdades se torne uma questão vital para a humanidade, um verdadeiro combate que deve atrair todos os homens de boa vontade e de personalidade vigorosa. Será uma luta árdua porque, com estas novas leis, acabaremos por travá-la no campo da ilegalidade, mas legitima por pretender repor os direitos fundamentais. Será necessariamente contra dirigentes, que por interesses muitas vezes odiosos exigem dos seus concidadãos um sacrifício de vida que, em última instancia, redunda também num ato criminal. Dizia Thomas Jefferson que "um povo que aceita perder uma fatia da sua liberdade em troca de segurança, não merece ter liberdade, nem segurança." Muitos dos que dizem defender as liberdades não estarão dispostos a dar a cara, invocando os motivos mais diversos.
Com esses não poderemos contar.

2 comentários:

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