René Magritte: La Trahison des Images
"Isto não é um Cachimbo"
Os tiranos nunca lidaram bem com a palavra, por isso quem a rime, a
acaricie, a decomponha até lhe conhecer as entranhas, encorre no risco da mordaça; poetas e escritores, cuidem-se! Ela é livre, mas o seu uso nem tanto.
Alguns, julgando poder dominá-la, criaram o seu antónimo: a propaganda. Deixemos esses
malfeitores de lado; não nos interessam. A propaganda está para a palavra como o ignorante para a enciclopédia.
Num texto anterior já vimos como ela é composta de letras, seus átomos, donde decorre que se a
palavra tem átomo, logo contem energia...por conseguinte se fala da “força da
palavra”. Porém ninguém viu uma “guerra
de palavras” causar ferimentos.
Há quem diga que ela engana.
Não é verdade!, apenas as pessoas
enganam com palavras. Usá-la não é a mesma coisa que lhe conhecer os meandros, ou
a saber fabricar, tal como para ler as
horas ninguém precisa saber o mecanismo d'um relógio suíço....embora, como
este, também ela nos leve ao despertar.
Para o comum
dos mortais a palavra permanece matéria
misteriosa. Corremos os perigos
inerentes à experimentação, avaliámos alguns efeitos das decorrências imediatas que
lhe conhecemos: indução em erro, agente de alegria, causa de tristeza, aclaramento
de verdades, confissões amorosas... enfim, serve para tudo, e no entanto a conhecemos tão mal. Que segredos encerra?
Pegando numa palavra
simples como “AMOR”, composta apenas por quatro átomos, verificamos facilmente
que a ordenação dos mesmos, tal como noutros elementos, determina resultados finais diversos; assim AMOR, ROMA,
MORA, ORAM, RAMO, ou OMAR , nada têm em comum para além da sua composição
“atómica”. .
O problema densifica-se
quando, extraídos os componentes do AMOR, nos aventuramos em combinações, usando meras preposições, conjunções ou artigos definidos como agentes
de ligação: “o OMAR ORA em ROMA”, ou “o OMAR MORA num RAMO”, ou ainda “o OMAR
não ORA num RAMO, nem MORA em ROMA”... em consequência as letras estruturam-se, balanceando-se para compor palavras que, por sua vez desenvolvem frases intrigantes.
Não pretendo alongar-me sobre detalhes entrópicos, logo não mencionarei o peso de cada molécula, nem a família a que pertence, pois a sua manipulação requer os maiores cuidados; mesmo quando enviadas para o espaço...voltam para nós à velocidade da luz; é o chamado “efeito boomerang”, utilizado nas telecomunicações dos satélites, característica estudada desde a antiguidade. Aliás, os sofistas gregos afoitaram-se em a amansar, usando a chamada dialéctica. Tão importante como o que dizemos, é a forma como dizemos as coisas, concluíram.
Não pretendo alongar-me sobre detalhes entrópicos, logo não mencionarei o peso de cada molécula, nem a família a que pertence, pois a sua manipulação requer os maiores cuidados; mesmo quando enviadas para o espaço...voltam para nós à velocidade da luz; é o chamado “efeito boomerang”, utilizado nas telecomunicações dos satélites, característica estudada desde a antiguidade. Aliás, os sofistas gregos afoitaram-se em a amansar, usando a chamada dialéctica. Tão importante como o que dizemos, é a forma como dizemos as coisas, concluíram.
Os cientistas de
física quântica construíram enormes aceleradores de partículas, na tentativa de aproximação aos segredos da matéria. Do mesmo modo proponho que comecemos também a construir aceleradores da palavra afim de lhe conhecermos as
intimidades.
“No principio era o verbo” já não nos basta; agora queremos saber quais as suas letras e como se conjugava esse verbo primordial.
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