Ontem recebi o seguinte
e-mail: “o autor cubano Felix Miguel Garcia, ganhou o "Prémio Amor de Varadero 2012”. Pelo imenso mérito e a enorme
admiração que me merece, pelo talento e pelo humor, fica aqui um pequeno
diálogo na tentativa de retratar quantas dificuldades ele ultrapassa diariamente para continuar o seu oficio.
Mas antes disso, um pequeníssimo poema dedicado á amizade, publicado no seu poemário "Otra vez Jonás".
no lo divulgues ni lo abandones
suspéndolo en cualquier océano
guárdalo en la boca.
Félix Miguel Garcia, "Prémio do Amor Varadero 2012"
- Dez folhas brancas. Dez, uma autentica panaceia!, exclama.
A Cilmara habituara-se aquelas euforias do poeta sem se pronunciar. Hoje os chícharos lhe ficaram demasiado
torrados na panela, e não sabia quando poderia voltar a conseguir nem mais uma
libra que fosse; talvez por isso não resista em espicaçá-lo um pouco.
- Brancas mesmo?, arrisca,
comparando mentalmente a cor das folhas com a dos chícharos enquanto ele mexe e
remexe “o melhor café do mundo qu’é o da Cilmara”. Embora demasiado torrados
ela aproveitara para os reduzir em pó, colocando depois no frasco, que servira
de confitura, onde guarda o “café”, sempre ciosamente fechado para não se
perderem os aromas.
- Brancas como neve, e
espessas! Deu-me vontade de trazê-las para te mostrar, só as não trouxe por
causa da chuva.
- E caneta ainda tens? pergunta
como forma de o relembrar que fora ela quem lhe conseguira a preciosa
ferramenta na passada semana. Na altura, ele também não tinha papel, portanto
concerteza que ainda tinha caneta com tinta. Com tanto mexer o café ainda este
arrefece, pensou, e nem todo aquele açúcar vai esconder o gosto dos chícharos demasiado torrados.
- Oh mulher, profere o
Miguelito levando finalmente á boca a xícara em fina porcelana chinesa que fora
da avó de Cilmara. A caneta já está a meio. Foi usada em todos os pedacinhos de
papel dispersos que tenho encontrado. Não vais novamente recomeçar aquela
conversa do escritor que corre atrás da caneta e que nem papel tem para
escrever?
- Precisamente! Porque
será assim tão importante continuar a tentar escrever? Lembras aquele poemário
que publicaste “Viagem ao Interior de uma Flor”, quanto dinheiro te trouxe
isso, hein? E o recolho de poemas “Jonas” de que serviu? Ou ainda “Os Signos na
Cidade”. Quanta energia gastaste, quantas dificuldades mais serão necessárias
para calares essa loucura? Morres se não escreves? Ou Morres porque escreves?
- Ambos os casos, Cilmara.
Porque morro se ninguém me ler!
O desespero deste
escritor, que apenas quer trabalhar, conduziu o Felix Miguel a este pequeno
trecho de correio que aqui vos deixo:
"Aquí hay un corredor de una firma importadora de computadoras y sus periféricos. Cuando le compras, te entrega los certificados de propiedad y te ofrece la garantía de postventa. Yo ya estaba al habla con él. Por lo que necesitaba (todo nuevo, en su caja, para yo abrir): una computadora (del 2011, todo, 700.00 CUC), la impresora multipropósito (140.00 CUC), el modem (15. 00 CUC) y el BQ (equipo para la protección de las fallas eléctricas, 60.00 CUC). Es decir, el importe total de todo sería 915. 00 CUC, que equivalen a 22 975.00 pesos cubanos. Yo iba a solicitar al Banco los 25 000.00 (1000.00 CUC), para que me alcanzara para una mesa y colocar todo en mi cuarto. Por esta cifra, el banco te cobra 2000.00 pesos cubanos de interés, es decir el 8%. Esto yo lo debía pagar al banco en 5 años, (60 meses), a razón de 420.00 pesos mensuales. Entre los tres trabajos que tengo, gano 905.00 pesos mensuales, por lo que me quedarían 485.00 para tirar el resto del mes, más lo que fuera cayendo extra por escritor y los trabajos que pudiera hacer.
Para que esto se te dé, aquí viene la parte más difícil, uno tiene que tener dos codeudores con igual capacidad de pago..."
Nota: 1CUC= 25 pesos Cubanos = 1 Dolar = 0.75 Euro
Felicidades Migue!
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