Longe dos
calores eleitorais aos quais os meios de comunicação dão relevancia
imediatista, podemos aproveitar agora para um pequeno interlúdio de reflexão; aqui segue um inicio do muito que há por dizer.
Até há bem
pouco tempo o universo dos eleitores se dividia em simpatias partidárias, mas
nos últimos anos um novo dado veio baralhar as contas: a abstenção. Quando
antes se discutia em quem iriamos votar, agora a questão é se iremos ou não
votar.
O sistema de
democracia representativa ao qual nos habituámos parece ter deixado de
representar todos aqueles a quem é suposto dar voz, considerando que uma
maioria de descontentes deixou de votar por não acreditar no atual sistema.
O eleitor,
ao exercer o seu direito de voto, aceita os resultados decorrentes, e
concomitantemente o modelo de representação politica; implicitamente não se
coloca em causa se este sistema o representa ou não, pois ao votar se supõe que
entende expressar uma opinião dentro dos parametros colocados á sua disposição.
São frequentes os apelos ao voto por parte dos
agentes politicos e a mensagem passou a pontos que á medida que cresce a
abstenção em cada eleição aumentam de igual forma as lamentações sobre a falta
de civismo daqueles que não votaram, porquanto a classe politica não questiona sobre o porquê do fenómeno e das
suas dimensões. De acordo com a idéia vigente fica ajuizado como citadão de
segunda todo aquele que não se reveja representado nos atos eleitorais.
Mas nós
temos um governo eleito no verão 2011 com dois milhões cento e cinquenta e nove
mil votos a somar aos seiscentos e cinquenta e quatro mil votos do PP, portanto
um total de dois milhões oito centos e quatorze mil votos, num universo de nove
milhoes e meio de eleitores. Por outras palavras: mesmo somando os votos do PSD
aos do PS obteremos um número inferior ao número de abstencionistas. Ainda se pensará que o fenómeno provém da
falta de civismo dos portugueses sem nos interrogarmos se há outra questão?
Daqueles que não acreditando mais neste sistema e se dão o trabalho de ir ás
urnas, cento e quarenta e oito mil trezentos e setenta e oito votaram em
branco. Inquietante para a classe politica se os somarmos aos três milhões
oitocentos setenta mil abstencionistas!
Importa, portanto
reflectir, encontrar soluções, debater, apontar direcções, questionar os
diferentes edificios do poder: presidencia da républica, o poder legislativo, o
poder executivo e o poder judicial.
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