- Depende, responde,
enquanto sirota devagarinho o batido de manga; embora fraco sorvedor de tinto, o
Raúl participa sempre nos debates iniciados com a abertura de uma garrafa de néctar dos deuses. Depois de molhar o bico transita sem vergonha para qualquer
sumo ou batido sem que os gloriosos afluves provindo dos nossos cálices lhe
galvanizem os neurónios, catalisem a inspiração, ou lhe façam perder o precário equilíbrio entre a análise e a locacidade.
- No entanto a pergunta é
simples: ou és republicano ou és monarca.
- Prefiro um regime
monarca, como dizes, a uma republica sem democracia; queres que te dê alguns
exemplos?
- Não é necessário
retorco, observando que corremos o risco de desviar para outro tema. Não quero
perder o control!
Mas neste dia de entrudo o recurso á semântica e a definições mais actuais para definir o
conceito de republica ou monarquia á qual cada um de nós refere, iria requerer
um debate prévio afim de assentar definições que nos fossem comuns. Não havia
vinho para tanto, e o batido tão pouco aguentaria argumentos dispersos.
A melhor gota é a última,
dizem. Foi na altura dessa ótima gota que me comprometi com ele em definir o “meu”
conceito de republica, pois na próxima oportunidade, talvez uma dúzia de
garrafas perca a rolha, e nem a lua nova nos afectará.
Para o Raúl, (e para quem queira participar) aqui deixo á consideração os conceitos que nos faltaram para iniciar o debate que acabou por não ocorrer por falta de “munições”.
Para o Raúl, (e para quem queira participar) aqui deixo á consideração os conceitos que nos faltaram para iniciar o debate que acabou por não ocorrer por falta de “munições”.
·
A Republica cararacteriza-se
por estado governado por eleitos do povo e pelo povo.
·
Todos os
poderes são meramente delegados.
·
Todos os
poderes são amovíveis e temporários.
·
Reconhecimento
do equilíbrio de poderes.
·
Sobreposição
da ética relativamente ao legal e do particular sobre o universal.
·
Combate à
tirania, ao despotismo, ao servilismo e á corrupção.
Posto isto, qualquer
governo que sob o argumento de “prossecução das condições necessárias...” entenda
se sobrepor a estes princípios, alheia o citadão de participar directa ou
indirectamente da coisa publica. Naturalmente poderemos sempre equacionar se
todos e cada um destes pontos se adequa perfeitamente á governação e ao regime
que temos em Portugal.
Claro por esse prisma que sou 100 % republicano. Claro que continuo ter uma simpatia pelas monarquias constitucionais. Pois nesse caso os réis reinam mas não governam. Claro que detesto todo o tipo de tirania. Já agora o que neste momento me irrita nosso sistema político é falta de independência que esse sistema tem do poder económico. Pois acredito que os cidadãos são pouco ouvidos pois os boys limitam-se lutar pelos seus interesses e pelos seus cargos altamente bem remunerados. Enquanto eu e outros jovens altamente qualificados não conseguimos arranjar um trabalho que nos permita ter nossa independência económica. Um abraço
ResponderEliminarPermite-me esta pequena observação: para que serviria um rei que não governa? Para isso já não nos basta o presidente, sendo este substituível de tempos a tempos? E depois essa questão da herança de direitos e privilégios não te incomoda? Pior ainda: como não questionar o patriotismo d'um monarca quando este é irmão primo ou tio de outro rei qualquer, cuja nação venha a ter interesses divergentes da nossa? Isto para referir á questão de monarquia versus República, mas admito que o debate continua em aberto.
ResponderEliminarQuanto aos valores republicanos que advoguei e dos quais dizes partilhar, estás á vontade para os completar. Em todo o caso já sei que aqueles que citei os partilhas comigo.
um abraço