terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

O jogo de Portugal


- Depende, responde, enquanto sirota devagarinho o batido de manga; embora fraco sorvedor de tinto, o Raúl participa sempre nos debates iniciados com a abertura de uma garrafa de néctar dos deuses. Depois de molhar o bico transita sem vergonha para qualquer sumo ou batido sem que os gloriosos afluves provindo dos nossos cálices lhe galvanizem os neurónios, catalisem a inspiração, ou lhe façam perder o precário equilíbrio entre a análise e a locacidade.
- No entanto a pergunta é simples: ou és republicano ou és monarca.
- Prefiro um regime monarca, como dizes, a uma republica sem democracia; queres que te dê alguns exemplos?  
- Não é necessário retorco, observando que corremos o risco de desviar para outro tema. Não quero perder o control!
Mas neste dia de entrudo o recurso á semântica e a definições mais actuais para definir o conceito de republica ou monarquia á qual cada um de nós refere, iria requerer um debate prévio afim de assentar definições que nos fossem comuns. Não havia vinho para tanto, e o batido tão pouco aguentaria argumentos dispersos.
A melhor gota é a última, dizem. Foi na altura dessa ótima gota que me comprometi com ele em definir o “meu” conceito de republica, pois na próxima oportunidade, talvez uma dúzia de garrafas perca a rolha, e nem a lua nova nos afectará.
Para o Raúl, (e para quem queira participar) aqui deixo á consideração os conceitos que nos faltaram para iniciar o debate que acabou por não ocorrer por falta de “munições”.
·         A Republica cararacteriza-se por estado governado por eleitos do povo e pelo povo.
·         Todos os poderes são meramente delegados.
·         Todos os poderes são amovíveis e temporários.
·         Reconhecimento do equilíbrio de poderes.
·         Sobreposição da ética relativamente ao legal e do particular sobre o universal.
·         Combate à tirania, ao despotismo, ao servilismo e á corrupção.
Posto isto, qualquer governo que sob o argumento de “prossecução das condições necessárias...” entenda se sobrepor a estes princípios, alheia o citadão de participar directa ou indirectamente da coisa publica. Naturalmente poderemos sempre equacionar se todos e cada um destes pontos se adequa perfeitamente á governação e ao regime que temos em Portugal.


2 comentários:

  1. Claro por esse prisma que sou 100 % republicano. Claro que continuo ter uma simpatia pelas monarquias constitucionais. Pois nesse caso os réis reinam mas não governam. Claro que detesto todo o tipo de tirania. Já agora o que neste momento me irrita nosso sistema político é falta de independência que esse sistema tem do poder económico. Pois acredito que os cidadãos são pouco ouvidos pois os boys limitam-se lutar pelos seus interesses e pelos seus cargos altamente bem remunerados. Enquanto eu e outros jovens altamente qualificados não conseguimos arranjar um trabalho que nos permita ter nossa independência económica. Um abraço

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  2. Permite-me esta pequena observação: para que serviria um rei que não governa? Para isso já não nos basta o presidente, sendo este substituível de tempos a tempos? E depois essa questão da herança de direitos e privilégios não te incomoda? Pior ainda: como não questionar o patriotismo d'um monarca quando este é irmão primo ou tio de outro rei qualquer, cuja nação venha a ter interesses divergentes da nossa? Isto para referir á questão de monarquia versus República, mas admito que o debate continua em aberto.
    Quanto aos valores republicanos que advoguei e dos quais dizes partilhar, estás á vontade para os completar. Em todo o caso já sei que aqueles que citei os partilhas comigo.
    um abraço

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