quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

As Moscas


Não perguntei aos meus amigos integrantes de partidos políticos, perguntei aos outros, aqueles que como eu, não militam em nenhum partido:
- Quem são os deputados eleitos para a nossa região?
Ninguém, repito, ninguém soube responder. Lembrei-me então de lhes perguntar:
- Porque são “eleitos para a região”, se depois das eleições representam todo o país e não o circulo por que são eleitos? Desta vez não só obtive respostas, como parece que todos tinham uma opinião por formular.
- Porque assim estão-se nas tintas para quem os elegeu, ricana o primeiro amigo.
E outro de acrescentar:
- Tão-se nas tintas para nós, mas respeitinho com o chefe lá do partido, porque é a ele que têm de prestar contas. Senão, na fazem parte das listas p’á próxima.
Outro ainda:
- Tô-me democraticamente a marimbar, porque nenhum voto muda nada a partir do momento em que votas numa lista de gente que nem conheces, só sabes quem é o chefe. E como o chefe é que manda até podem lá colocar um macaco, qu’a coisa fica igual.
- Pois, se não quiseres que o macaco seja deputado não votes nessa lista.
- E se eu preferir aquela lista, mas sem o macaco, hein?
- Não te preocupes, ironiza o outro. Todas as listas contêm sempre algum.
Começo a ficar preocupado com o tom de conversa deles. Alguns, apesar de saberem que o seu voto não serve para nada, até votam...
Esperem aí, intervenho. O voto não é a expressão da democracia neste país?
Ai, ai, ai, que fui eu dizer! Vociferaram todos ao mesmo tempo. Por pouco não fui insultado, embora ainda tenha percebido o epíteto “ingénuo” naquela algaraviada geral. Acabei levantando a voz também:
-Então porque votam, porra! Exclamei, já um pouquinho fora de mim.
- Porque é preciso mudar de mosca mestra de tempos em tempos.
- E?...
- E a merda continua a mesma, mas mudar a mosca dá-me uma sensação de poder durante os dez segundos que me isolo na câmara de voto.
- Mas depois.... começo, e logo sou interrompido
- Depois, com sorte, talvez a mosca não sobreviva quatro anos.
Nem vale a pena transcrever aqui a totalidade da conversa, pois este pequeno trecho bastará para ficarem com uma ideia precisa do seu conteúdo.
Em todo o caso, não tenho de aderir a este fado, à fatalidade que nos pretendem vetar, nem tão pouco ao manto de obscurantismo que paira sobre a nossa sociedade. O sistema instalado favorece os políticos profissionais, eles são o problema, logo não podem fazer parte da solução; só nós, o povo, levantando a nossa voz, dizendo BASTA, queremos outra maneira de ser-mos representados. Teremos ainda de procurar como, qual a melhor maneira, fazer propostas concretas; entretanto há que os chamar á responsabilidade. 

2 comentários:

  1. Concordo infelizmente neste sistema partidário,que escolhe os nossos deputados é sistema dos boys que se instalam e vez de defender muitas vezes os direitos dos seus eleitores limitam cumprir ordens dos chefes, pois se assim não fizerem são afastados dos cargos, quer na administração publica quer nas empresas do estado. Onde ganham milhares e milhões de regalias enquanto o povo sofre com a politica de austeridade. Eu defendo um sistema em que os eleitos deviam responder sobre os seus eleitores ( sistema onde eu escolhesse directamente o meu deputado independente do partido). um abraço

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  2. Em caso de gestão danosa que tal responsabilizar "ipso facto", pessoal e criminalmente, os governantes e boys? Problema: eles iriam legislar nesse sentido? Hmm....

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